Jornada de trabalho

03/04/2013 | 

 

INDÚSTRIA

Quatro horas, dois pesos

Trabalhadores têxteis reivindicam o fim do trabalho aos sábados com redução da carga horária, mas classe empresarial argumenta que medida levará à perda de competitividade

Carga horária e dias de trabalho voltam a ser tema de discussão no setor têxtil em Blumenau. De um lado, trabalhadores defendem a mudança da carga horária de 44 para 40 horas semanais com o sábado livre, sem mudança nos salários, pela qualidade de vida. Do outro, a classe empresarial argumenta que a redução significará aumento de custos.

O assunto é colocado há seis anos no rol de reivindicações dos trabalhadores têxteis de Blumenau. A discussão ganhou corpo diante dos últimos movimentos, com a intervenção do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau, Gaspar e Indaial (Sintrafite). A Cremer reduziu a carga horária para 42,9 horas e diminuiu o número de sábados trabalhados para seis ao ano, em vigor desde segunda-feira. A Cia. Hering passa a ter jornada de 43 horas semanais nas unidades de Blumenau e Indaial para o setor produtivo, com trabalho em sábados alternados a partir de 1º de maio. O terceiro turno passa a ter alternância de domingos.

A presidente do Sintrafite, Vivian Bertoldi, afirma que ano passado a entidade conversou com as maiores empresas, mas as negociações não avançaram. Agora, o sindicato faz trabalhos junto aos operários em cada empresa, por meio de operação tartaruga – reduzindo a produtividade, como ocorreu anteriormente na Cremer e na Cia. Hering – e de assembleias para pressionar a retomada das conversas.

O fim do trabalho aos sábados para os operários é sinônimo de mais tempo com a família, alívio às mães que dependem da rede municipal de ensino para deixar os filhos e mais tempo de descanso contínuo, argumenta Vivian. Ela acredita que todas as empresas consigam, senão reduzir, diluir as quatro horas feitas aos sábados para os dias úteis. Entretanto, Valim explica que, por conta da sobreposição de horários onde há terceiro turno, em certos casos é impossível fazer 44 horas em cinco dias. Porém, algumas empresas que trabalham em dois turnos e têm maior possibilidade de abrir mão dos sábados, especialmente confecções, já praticam este modelo.