Aposentadoria em jogo

Quatro meses depois do chamado Dia Nacional de Lutas, as centrais sindicais voltam às ruas para pressionar o governo por reivindicações não atendidas. Na pauta, o fim do fator previdenciário.

Com a popularidade abalada pelas manifestações de junho, o governo federal acabou cedendo à época e abriu negociações com as centrais para elaborar uma proposta de substituição do fator previdenciário, fórmula criada para desestimular as aposentadorias precoces, mas que se tornou sinônimo de redução dos benefícios.

Após um encontro em 21 de agosto, o Palácio do Planalto prometeu uma proposta em 60 dias que nunca chegou. Com degradação das contas públicas – poderiam piorar com o fim do fator – e a aproximação do ano eleitoral, o governo acena agora que não voltará ao tema durante o mandato de Dilma Rousseff

Para Cristiano Noronha, sócio da consultoria Arko Advice, a postura do governo tem relação com a piora das contas públicas. O déficit previsto para a Previdência passou de R$ 36,2 bilhões, em setembro, para R$ 43 bilhões.

Autor da proposta para acabar com o fator previdenciário, o senador Paulo Paim (PT)  disse ter sido surpreendido com a informação de que o governo jogaria a discussão para 2015.

Fórmula 85/95

Até a paralisação das negociações, o chamado cálculo 85/95 – a soma da idade e do tempo de contribuição – deve alcançar 85 para as mulheres e 95 para os homens – caminhava para ser um consenso entre as centrais sindicais e o governo como fórmula para substituir o fator previdenciário.

Segundo o senador Paulo Paim, a presidente chegou a se referir de que a saída seria encontrar um meio termo, sem o fim puro e simples da regra atual.

 Matéria publicada em Jornal A Notícia, de 12/11/2013