No 7×1 diário, projeto de lei facilita acesso o uso de agrotóxicos
Você deve saber que a televisão é um dos maiores propagadores de informação, sendo este presente em quase 100% dos lares brasileiros. Pare e pense, quantos canais você conhece e destes quantos tem programas culinários?
Vamos ao exercício, agora que tens em mente um programa de culinária, quais as recomendações? “Comer comidas saudáveis”. “Comer verduras, frutas, legumes”. São muitas as dicas e receitas para utilizar esse tipo de alimento. E a todo o momento há uma campanha para que se consuma mais isso.
Porém ninguém fala sobre o veneno que está embutido nelas, os agrotóxicos! Aquelas substâncias químicas (herbicidas, pesticidas, hormônios, adubos químicos) que foram inventados para tornar a agricultura mais rentável. Com eles os agricultores eliminam pragas, deixam os produtos maiores e mais bonitos, podendo assim aumentar a produtividade e garantir melhor preço de venda.
Mas, e para quem consome esses produtos encharcados?
O aumento dos casos de câncer, doenças crônicas e das intoxicações pode estar relacionado a esse consumo, que é cada vez maior. O veneno também prejudica o solo, encharcando não apenas a terra, mas também os lençóis freáticos e os cursos e água, podendo chegar em qualquer pessoa. Trabalhadores rurais, que manuseiam frequentemente esses produtos sistematicamente sofrem doenças graves por conta de intoxicação.
No Brasil a situação é grave, pois além da venda legal dos venenos, também se registra venda ilegal, de produtos falsificados muito mais agressivos. A quantidade de veneno que vem com os alimentos pode chegar a altas doses ao longo de um ano e tudo tem efeito cumulativo no corpo humano, o que significa que quase ninguém pode escapar de ficar doente por conta disso.
Agora, na Câmara dos Deputados, os representantes do agronegócio e do latifúndio apresentaram um projeto de lei que facilita o registro, o acesso e o uso dos agrotóxicos, praticamente acabando com a pouca fiscalização que existe. O PL tem causado muita polêmica e na última semana foi votado em sessão fechada – para evitar tumultos, disseram – numa Comissão Especial que analisava o tema. E, como era de se esperar os votos deram maioria para a flexibilização do uso do agrotóxico. Isso significa que a proposta irá para o plenário e com voto favorável.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde que tem como missão apoiar o desenvolvimento de ações integradas para prevenção e controle do câncer, divulgou uma nota se manifestando contra a alteração do Marco Legal dos Agrotóxicos (Lei 7.802/1989) e alertou: "Tal modificação colocará em risco as populações – sejam elas de trabalhadores da agricultura, residentes em áreas rurais ou consumidores de água ou alimentos contaminados, pois acarretará na possível liberação de agrotóxicos responsáveis por causar doenças crônicas extremamente graves e que revelem características mutagênicas e carcinogênicas".
A Anvisa, órgão responsável pela fiscalização, também condenou a proposta e acredita que isso vai ser muito ruim para a população. Enfim, o projeto só é bom para os fazendeiros, mas eles têm uma bancada poderosa no Congresso e fatalmente aprovarão a medida.
O tema não aparece na televisão e não há um debate público sobre o assunto. No geral, a mídia comercial ridiculariza a ação dos ambientalistas acusando de alarmismo e segue na sua campanha de que o "agro é pop". O PL do Veneno é mais uma aberração no pacote de maldades que o Congresso vem aprovando contra os trabalhadores e contra a maioria da população, ainda há tempo de barrar o PL do veneno, mas precisa haver grande mobilização popular.