TRABALHO ESCRAVO E TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS

CASAL DE PERUANOS RESPONDERÁ POR TRABALHO ESCRAVO E TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS  EM SÃO PAULO

 

Um casal de peruanos que aliciava e submetia outros peruanos a condições de trabalho análogas à escravidão na capital paulista está sob ação penal pela Justiça Federal, após ter sido denunciado pelo Ministério Público Federal. 

 

O caso foi descoberto a partir de uma fiscalização em fevereiro de 2019 em um shopping popular no bairro do Pari, onde funcionava uma das duas lojas do casal.

 

“As vítimas eram obrigadas a trabalhar em duas lojas de acessórios cumprindo jornadas exaustivas sem o pagamento de salários. Em troca, recebiam apenas a moradia em um alojamento mantido pelos patrões e pequenas quantias para a compra de itens básicos”, disse o MPF.

 

No alojamento estavam também oito trabalhadores, obrigados a trabalhar das 3h às 16h, de segunda a sexta-feira, sem intervalos para repouso ou alimentação, e, aos sábados, das 3h às 14h. Eles não recebiam salário, mas vales que eram entregues pelos patrões para a compra de produtos de primeira necessidade.

 

Segundo o MPF, o aliciamento era feito por meio de aplicativos de mensagens com promessas de salários e benefícios para pessoas que ainda moravam no Peru. A investigação apontou que uma das vítimas aceitou a proposta de vir ao Brasil, aceitando uma oferta de emprego no qual teria salário de R$ 1 mil por mês, além da passagem para São Paulo, moradia, alimentação, diária sem descontos salariais.

 

“Após começar a trabalhar em novembro de 2018, porém, viu-se submetida à servidão por dívidas e à restrição de locomoção por falta de dinheiro. A vítima trabalhava de forma ilegal, tendo sido orientada pelo denunciado a mentir quando chegou à fronteira, dizendo que estaria indo para o Brasil a turismo e não a trabalho. Aqui chegando, foi mantida indocumentada e trabalhando ilegalmente, estratégia de dominação sabidamente utilizada pelos exploradores da mão de obra de estrangeiros vulneráveis”, afirmou a procuradora da República Ana Carolina Previtalli Nascimento, autora da denúncia do MPF.

 

O casal responderá pela redução de trabalhadores a condições análogas à escravidão e por tráfico internacional de pessoas.