Médicos já estão tendo de escolher quem vai para a UTI e quem não vai

Em São Paulo, estado com mais de 15 mil casos confirmados e passadas mais de 1000 mortes por Covid-19, os médicos já estão sendo de escolher quem vai para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e quem não vai. E o número de mortos e infectados no estado mais afetado pela pandemia pode ser muito maior. As autoridades da área da saúde reconhecem que a subnotificação é grande porque só estão sendo testadas as pessoas internadas e ainda não saíram os resultados dos testes de muitos dos que morreram com suspeita da doença.

 

A afirmação é do médico Jaques Sztajnbok, do Hospital Emílio Ribas,  referência no tratamento de doenças infectocontagiosas em São Paulo. Ele disse à Folha e a GloboNews que o Emílio Ribas tem 30 leitos de UTI e todos ocupados. Um novo paciente só pode ser admitido quando um leito fica vago, seja por alta ou por falecimento de outra pessoa.

 

"Quando eu tenho zero vagas e olho [no sistema] que há seis solicitações para uma vaga, a situação já se delineia. Quando aparece uma vaga e essas mesmas 6 solicitações continuam lá, essa escolha acaba sendo indiretamente efetivada. Mesmo sem a dramaticidade de estar com os dois pacientes na minha frente, com um único aparelho", disse o médico.

 

Ele disse ainda que não é possível responder "objetivamente" se estamos no pico de casos da Covid-19 "não se sabe qual é o comportamento dinâmico dessa epidemia. O que a gente sabe é que já estamos lotados. Então, se não estivermos no pico ainda, é bom que as autoridades corram, porque em algum lugar nós vamos ter que internar esses pacientes". De acordo com Sztajnbok  e várias outras autoridades da área da saúde, um paciente com quadro grave da Covid-19 fica internado de duas a quatro semanas.

 

Hospitais do Rio de Janeiro, Fortaleza e Recife também estão operando no  limite da capacidade por causa da pandemia do novo coronavírus.

 

São os reflexos de ataques diretos à saúde pública que denunciávamos há muitos anos. Lembra da PEC de congelamento de gastos de 2016? Pois bem, ela está aqui, exposta nos mostrando o quão prejudicial era e está sendo.