Quando o coronavírus começou a se alastrar pelo mundo, a sensação de que qualquer pessoa poderia ser atingida igualmente parecia consenso. A realidade, no entanto, tem se mostrado diferente. Países com capacidade de ampla testagem e bons sistemas de saúde têm se saído melhor do que os outros.
As discrepâncias entre a população infectada também merecem atenção: em Nova York, o vírus é duas vezes mais mortal entre negros e latinos, na comparação com brancos, pelas diferenças estruturais de acesso à saúde na sociedade.
Como resultado dessas diferenças, dados recentes de organismos internacionais têm alertado que a pandemia pode aprofundar o desequilíbrio entre nações ricas e nações pobres. Outra consequência: o aumento da extrema pobreza, na primeira alta global do índice desde 1998.
As projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que países ricos estão investindo mais do que emergentes e pobres nas respostas ao coronavírus. Enquanto os sete países mais industrializados do mundo investem quase 6% do PIB nos planos de estímulo, os integrantes do G-20, que inclui emergentes como o Brasil, investem em média 3,5%.
Nos EUA, o pacote do governo para manter a economia aquecida chega a US$ 2 trilhões – o equivalente a mais de R$ 11 trilhões –, ou 10% do PIB. No Japão, o socorro anunciado no início do mês equivale a 20% da economia do país. Já no Brasil, o FMI estima em 2,9% do PIB a resposta.